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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Escrever é falar no papel

Hélio Consolaro

Escrever é falar no papel. Esta frase foi retirada do livro de Donald Weiss Como Escrever com Facilidade, do Círculo do Livro. Ele afirma que o medo acaba inibindo as pessoas alfabetizadas a escreverem. Já que escrever é falar no papel, o primeiro passo para perder este medo é escrever como se estivesse falando, depois vai melhorando o texto, fazendo várias versões (rascunhos) dele.
Ele conta a história de João Carlos, um funcionário que criou um produto novo e foi fazer uma exposição sobre ele à diretoria da empresa. Ele foi tão bem que acabou sendo designado a diretor de "marketing", mas Wilson, presidente da empresa, pediu que lhe entregasse o texto de sua fala na próxima semana.
A sua promoção, um sonho acalentado há muito, acabara se transformando em suplício, pois João Carlos nunca fora um bom aluno em Português, era traumatizado, não conseguia redigir um bilhete, imagine passar no papel a fala de quase uma hora.
No final do dia, ele tomou uma decisão, foi falar com Wilson. Desistiria da promoção e acabaria com aquele ansiedade. Wilson não aceitou a sua abdicação, pois se ele dissera tudo aquilo tão bem, sem nenhum texto previamente escrito, João Carlos era mais inteligente do que imaginara. E foi mais além, dizendo-lhe que se ele teve a capacidade de falar tão bem, conseguiria escrever também. Era só perder o medo.
Às vezes, me perguntam como consigo escrever todos os dias, "fazer bons textos", de onde veio esta facilidade. Eu digo que já construí, e continuo, muitos textos ruins, a única diferença entre mim e o inquiridor é que sou corajoso, não tenho exarcebado em mim o senso de ridículo.
Escrever sem medo e sem preguiça, fazendo vários rascunhos, lendo em voz alta o texto escrito para descobrir as falhas (subvocalização) são técnicas indispensáveis. E o restante advém da coragem, de não ter medo de errar e de ser criticado por alguém que nunca escreveu nada, mas que está sempre pronto a destruir a criatividade do outro.

Escrever se aprende...escrevendo!
Adair Vieira Gonçalves

Este é um pequeno “bate-papo” antes de iniciarmos nossas conversas sobre leitura e produção de textos escritos.
A primeira e mais ouvida pergunta que é feita aos professores de redação é sempre a mesma: “Professor, como se aprende a escrever? “Tenho facilidade para conversar, leio e quando chega a hora de passar o que penso pro papel “’dá um branco”, o que fazer?” A frustração é muito grande quando afirmo que só se aprende escrevendo e, se possível, lendo muito.
A grande dificuldade que os alunos enfrentam com relação ao escrever refere-se à necessidade que ele tem de deixar a linguagem coloquial, aquela do dia-a-dia, e passar a se expressar por escrito. Ela exige uma linguagem mais formal, mais cuidadosa. A fala é mais espontânea, menos cerimoniosa e, com certeza, mais fácil que escrever. A escrita tem suas normas próprias ( ortografia, acentuação, a falta de um interlocutor à sua frente etc.).
Outra questão muito comum entre os alunos é dizer que naquele dia não está inspirado, que não vai conseguir escrever. Pois está aí, mais uma crendice. “Gustavo Ioschpe, jornalista da Folha de São Paulo, diz que além do 1% de inspiração que está no DNA de qualquer aspirante a Machado de Assis ou Shakespeare, o que é determinante são os 99% de transpiração”.(Machado de Assis está por minha conta).
Outro esclarecimento preliminar a fazer é que as aulas de redação não vão habilitar ninguém a ser um João Cabral de Melo Neto nem tampouco um Graciliano Ramos. Destina-se, apenas, a instrumentalizar o aluno para que possa escrever “textos da escola” de forma eficiente para poder enfrentar uma etapa muito importante, que justo ou injusto, é o vestibular.
Também muito importante para produzir textos com eficácia é assistir a bons programas de televisão; programas estes que ajudam o aluno a pensar e depois de uma certa convivência com bons textos e programas , a estupidez fica praticamente impossível.
É preciso também que o aluno saiba que o resultado da redação escolar é um acordo prévio entre alunos e professores. São 50% de responsabilidade para cada um; o aluno tem de ser adjuvante neste processo; é preciso que ele queira aprender.
Depois deste nosso primeiro contato é chegada a hora de começar.
Boa Sorte, muita leitura, raciocínio e os escritos vão aparecer .

Adair Vieira Gonçalves é professor de Gramática e Redação, da COEB (Birigüi) e do Colégio Salesiano, Araçatuba-SP)

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